quarta-feira, 5 de março de 2008

AIDS NA GRAVIDEZ

18.10.05 - BRASIL

A Agência Brasil está publicando uma série de matérias sobre os problemas da Aids na gravidez. Cerca de 0,4% das mulheres grávidas brasileiras são portadoras de Aids ou do vírus HIV. De acordo com o Ministério da Saúde, a chance de transmissão para o bebê é de 20%, ou de 16% caso ela não amamente. Mas o tratamento de prevenção a transmissão de mãe para filho, se realizado adequadamente, pode reduzir esse risco a menos de 2%, chegando quase a zero.

Segundo o coordenador Obstétrico do Programa de Atenção a Gestante com HIV, do Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro, Marcos D’Ippolito, o tratamento é a grande esperança das mães que enfrentam a "dura realidade de serem portadoras do vírus HIV". Maria, de 31 anos, é uma gestante com muitas chances de não ter contaminado sua filha, um bebê de 15 dias. Desde a terceira semana de gravidez, ela tem feito o tratamento.



Maria, que prefere se identificar apenas pelo primeiro nome, conta que há dois anos descobriu ter Aids. Ela estava grávida de cinco meses e perdeu o bebê por complicações da doença. Apenas nessa ocasião soube estar infeccionada. "Eu já estava casada há sete anos e nunca pensei que isso pudesse acontecer comigo", contou. "O meu marido também tem Aids, e eu sei que a vida não vai ser fácil, mas precisamos ter força porque a nossa filha precisa da gente."



O tratamento para evitar a transmissão da aids de mãe para filho deve começar a partir da 14ª semana de gravidez. Caso isso não ocorra, ainda há a possibilidade de a mãe receber AZT (medicamento usado no tratamento da doença) injetável no momento do parto e, o bebê, o xarope de AZT durante as primeiras seis primeiras semanas de vida. Mas o risco de transmissão aumenta. De acordo com pesquisas do Ministério da Saúde, de quase zero, quando o tratamento é feito no início da gravidez, ele passa para 8%.



Quase metade das mulheres brasileiras portadoras do vírus da Aids não faz tratamento para evitar a transmissão da doença para o bebê. A estimativa é do Ministério da Saúde. Segundo dados do órgão, cerca de 13 mil mulheres portadoras do HIV engravidam a cada ano. Desse total, pouco mais de 7 mil se submetem ao tratamento. Porém, o número de gestantes portadoras do HIV que procuram tratamento tem aumentado gradativamente.



De acordo com o Ministério da Saúde, em 1997, quando o país começou a oferecer o tratamento de prevenção, apenas 1.472 mulheres tiveram acesso aos medicamentos - cerca de 11% das infectadas. Já o número de crianças infectadas por meio da mãe tem caído ano após ano. Em 1997, 1.011 bebês foram infectados, enquanto em 2003 esse número chegou a menos da metade. A meta é que esse número se aproxime do zero até 2008.



Nas regiões mais pobres do país, o problema se torna ainda mais grave pela falta de laboratórios com capacidade técnica de detectar a presença do vírus no sangue. Nas áreas carentes, explica o coordenador, o material tem que ser colhido e mandado para outra cidade, retardando o diagnóstico.